Última alteração: 2017-08-28
Resumo
O objetivo é examinar quais seriam os possíveis riscos e armadilhas de se defender a legalização de novas formas legais "homoafetivas", como o casamento civil igualitário (popularmente conhecido como "casamento gay"), por meio da procura do Estado para conferir este reconhecimento. Por meio de uma reflexão histórica, observaremos que o tema do casamento, bem como que a emergência do(a) homoafetivo(a) como uma construção nominal (em detrimento da categoria homossexual), surgem historicamente como resposta do ativismo "LGBT+" à eclosão da Aids a partir dos anos 80. O argumento central, de forte influência butleriana, é o de que a reconfiguração pela qual passara o ativismo "LGBT+" a partir da década de 1980, teria levado ao enquadramento dessas relações heterodissidentes em padrões normativos e ao não questionamento dos termos nos quais o debate está posto. Assim, não tratar-se-ia de tomar posição contra ou a favor no debate sobre o "casamento gay", mas antes, de rastrear as contradições a que podemos ser submetidos ao demandarmos, para alianças heterodissidentes, os poderes de normatização e normalização estatais.