Jornada Científica e Tecnológica e Simpósio de Pós-Graduação do IFSULDEMINAS, 10º SIMPÓSIO DA PÓS-GRADUAÇÃO DO IFSULDEMINAS

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Perfil epidemiológico dos indivíduos com câncer de pele em Montes Claros
Cinara Ferreira Coutinho, Álvaro Ataide Landulfo Teixeira, Valdenice Ferreira dos Reis, Ana Luíza Leobas Moreira Nogueira, Taysa Cristina Cardoso Freitas, Laudileyde Rocha Mota, Christiane Silva Souza, Rene Ferreira da Silva Junior

Última alteração: 2021-10-01

Resumo


RESUMO

O câncer de pele é o mais frequente tumor que acomete o público brasileiro sendo um importante problema de saúde pública, com maior prevalência entre mulheres entre de 80 a 85 anos. O estudo tem como objetivo descrever o perfil epidemiológico do público acometido com câncer de pele entre os anos de 2015 a 2019 em Montes Claros, Minas Gerais. Métodos. Foi realizado um estudo descritivo-quantitativo realizado por meio dos dados do Sistema Integrador dos Registros Hospitalares de Câncer do INCA. Entre 2015 e 2019 foram registrados 617 casos de câncer de pele em Montes Claros. A modalidade de tratamento mais empregada foi cirurgia (60,4%) e radioterapia (7%). Em relação a raça foi predominante indivíduos pardos (54,2%), com escolaridade ensino fundamental incompleto (50,7%) e brancos (40,6%), a ocupação mais frequente foi trabalhadores agropecuários (40,6%), em relação ao histórico familiar (39,24) dos entrevistados afirmaram terem o histórico na família e (56,4%) no primeiro tratamento obtiveram a remissão completa. Os registros hospitalares de Montes Claros, Minas Gerais apontam que a população mais afetada é a feminina, atingindo principalmente o público idoso, pardos com ensino fundamental incompleto e trabalhadores agropecuários. Clinicamente, os casos obtiveram uma remissão completa no primeiro tratamento, exigindo cirurgia e radioterapia.

 

 

Palavras-chave: Neoplasias; Oncologia; Epidemiologia.

 

1. INTRODUÇÃO

Conforme o Instituto Nacional do Câncer (INCA), câncer é o nome dado a um grupo de mais de cem enfermidades que têm em comum o desenvolvimento desordenado de células que ocupam os órgãos e tecidos, sendo capaz de ter metástase (BRASIL, 2006; DAZARD et al., 2000). Partilhando-se aceleradamente, tais células tendem a ser bastante incontroláveis e agressivas, ocasionando o desenvolvimento da formação de tumores ou neoplasias maléficas (BRASIL, 2006).

Dois princípios utilizados na epidemiologia: a razão fundamental é a razão suficiente, em que, para que um usuário desenvolva a enfermidade, não basta o aparecimento de um agente específico da doença com o seu organismo. É importante que, sobre o usuário, seja capaz de um grupo com o agente específico, causar a doença neoplástica. O agente intrínseco é o fator necessário, as outras forças estão relacionadas a causas predisponentes. Motivos necessários e motivos predisponentes integram a razão suficiente (INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER, 2020).

Os territórios geográficos do país, por sua diversidade cultural, política, socioeconômica e demográfica, obtém suas populações submetidos a motivos de perigos diferentes. Assim como, são diferentes, nas heterogêneas regiões, a característica da assistência prestada, da capacidade diagnóstica e dos conhecimentos fornecidos. Por esse motivo, os principais quadros de neoplasias também divergem regionalmente, por diversas vezes refletindo o cenário de desigualdade notada no Brasil (PROLLA, 2002; SOUZA, 2004).

 

A exposição intensa aos raios solares é a principal razão de risco do câncer de pele. Indivíduos que encontra-se em territórios tropicais, como Austrália e Brasil, países que encontra-se o maior número de registro de neoplasias na pele em todo o mundo, e estão mais expostas a esse tipo de enfermidade (PROLLA, 2002; FRIEDMAN,1999).

Os indivíduos com o tom de pele mais claro, que moram em regiões com alta frequência de raios solares, são os que exibem mais risco. Levando em consideração que mais que a metade cidadãos do Brasil tem o tom de pele mais claro, acabam se expondo bastante a raios solares de forma incauta, seja por lazer ou trabalho, e o que o Brasil localiza-se numa região de alta incidência de raios ultravioletas, o que é presumível uma alta taxa de cânceres de pele (SOUZA, 2004; FRIEDMAN et al., 1999).

Em função da magnitude da enfermidade faz-se necessário a pesquisa da classificação, processos associados e fenômenos relacionados a essa doença em uma específica população, o que é compreendido como estudo epidemiológico. A epidemiologia é um dos campos primordiais na elaboração de estratégias públicas de prevenção e combate às doenças que acometem as populações, dado que já é permitido identificar através de estatísticas regionais, populações e fatores de riscos associados e combater de maneira eficiente (NASSER,2004; CHINEM & MIOT,2011; COSTA, 2020)

 

2. MATERIAL E MÉTODOS

Este é um estudo do tipo descritivo-quantitativo realizado por meio dos dados do Sistema Integrador dos Registros Hospitalares de Câncer do INCA que consiste em um centro de coleta, armazenamento e análise da ocorrência e das características de todos os casos novos de câncer dos indivíduos que residem na cidade de Montes Claros entre os anos de 2015 e 2019. Tais estudos avaliam o perfil epidemiológico da população de Montes Claros no estado de Minas Gerais em um determinado momento.

Foram incluídas neste estudo as seguintes variáveis: sexo, faixa etária, relação do histórico familiar e se houve no primeiro tratamento a remissão completa. A amostra abrange o período de anos compreendidos entre 2015 a 2019.

 

 

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

A elevada incidência e morbidade do câncer de pele representa um importante problema de saúde pública, especialmente se tratando da região de Norte de Minas Gerais, onde a incidência solar devido à baixa latitude é um dos fatores de risco para o surgimento dos cânceres de pele.

A prevenção e diagnóstico prévio, por intermédio do conhecimento de seus fatores de riscos são primordiais na diminuição de óbitos (NÁPOLES, 2018).

Contudo, poucas pesquisas tratam dessa questão e grande parte delas relatam realidades de regiões como Estados Unidos e Austrália, países da europa e outras regiões do território brasileiro (CHINEM & MIOT, 2011).

A carência de estudos referente à população de Montes Claros justifica a importância da realização deste tipo de investigação nesta região. Esta análise fornece dados sobre o perfil dos pacientes, características intrínsecas, e fatores ambientais para o desenvolvimento de neoplasia cutânea do tipo não melanoma que corroboram ou confrontam com achados apontados na literatura.

O presente estudo compreende uma amostra de 617 pacientes com laudos epidemiológicos de câncer de pele compreendidos no período de 2015 a 2019 diagnosticados na cidade de Montes Claros.

Nesta casuística houve predomínio de Neoplasias da pele no sexo feminino. Apesar da semelhante distribuição entre os dois sexos, a frequência de melanomas em mulheres foi de (50,6%) e no masculino (46,8%) o que pode ser justificado pelo fator cultural inerente a ambos os gêneros, com a maior percepção da importância do autocuidado pelas mulheres, diante da negligência masculina na busca do atendimento médico, em especial na atenção primária à saúde, sendo esta a principal porta de entrada aos serviços de saúde.

 

 

 

5. CONCLUSÕES

De acordo com os dados analisados por meio dos dados do Sistema Integrador dos Registros Hospitalares de Câncer do INCA 617 casos de câncer de pele durante os anos de 2014 a 2019 na cidade de Montes Claros. Com relação ao sexo e faixa etária identificou-se maior percentual diagnóstico no sexo feminino e em pacientes na oitava década de vida. Sobre a cor ou etnia pode se afirmar que a predominância dos casos se deu em pacientes da cor parda e branca. Devido à baixa notificação da variável ocupação, o perfil ocupacional na população são de trabalhos agropecuários. O nível de escolaridade dos entrevistados têm como predominante o ensino incompleto, observou-se também que o histórico familiar aponta prevalência para familiares que já foram acometidos por algum tipo de câncer. Ressalta-se também que o tratamento mais realizado é o cirúrgico e a radioterapia, obtendo uma remissão completa no primeiro tratamento.

 

 

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional do Câncer. Estimativa 2006: Incidência de Câncer no Brasil. 2006.

 

CHINEM, V. P., MIOT, H. A. Epidemiologia do carcinoma basocelular. Anais Brasileiros de Dermatologia. São Paulo, v. 86, n.2, p.292–305, 2011.

 

COSTA, G. L. G. Estudo retrospectivo dos casos de câncer de pele diagnosticados no hospital de câncer de Mato Grosso. 2020.

 

DAZARD, J. E., et al. Switch from p53 to MDM2 as differentiating human keratinocytes lose their proliferative potential and increase in cellular size. Oncogenese, v.19, p.3693-3705, 2000.

 

FRIEDMAN, R., et al. Câncer de pele. In: Blaquiere RM, Bosch FX, Boyd NF, Brada M, Brennan MF, Bruera E, organizadores. Manual de oncologia clínica. São Paulo: Fundação Oncocentro de São Paulo; 1999. p.245-253.

 

INSTITUTO NACIONAL DE C NCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA. ABC do câncer: abordagens básicas para o controle do câncer, Rio de Janeiro, 2020.

 

NAPOLES, R. C. L. Plano de intervenção para a prevenção e rastreamento do câncer de pele no município de Botuverá, Santa Catarina, 2018.

 

PROLLA, P. A. Síndromes de suscetibilidade hereditária ao câncer de pele. In: Louro ID, Juan Jr CL, Melo MSV, Prolla PA, Froes NC, organizadores. Genética molecular do câncer São Paulo: MSG Produção Editorial; 2002. p.213-222.

 

SOUZA, S. R. P., et al. Bronzeamento e risco de melanoma cutâneo: revisão da literatura. Rev. Saúde Pública, v.38, n.4, p.588-598, 2004.

 

 

 

NASSER, Nilton. Epidemiologia dos cânceres espinocelulares - Blumenau (SC) - Brasil,

de 1980 a 1999. An. Bras. Dermatol., Rio de Janeiro , v. 79, n. 6, p. 669-677, 2004.

 

 


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