Jornada Científica e Tecnológica e Simpósio de Pós-Graduação do IFSULDEMINAS, 10º SIMPÓSIO DA PÓS-GRADUAÇÃO DO IFSULDEMINAS

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INFODEMIA EM TEMPOS DE PANDEMIA: elaboração de vídeos educativos sobre COVID-19
Rene Ferreira da Silva Junior, Sylmara Corrêa Monteiro, Karla Talita Santos Silva, Bruno de Pinho Amaral, Mariana Stefany Cardoso Nascimento, Sibelle Gonçalves de Almeida, Matheus José Afonso Gonçalves Araújo, Carla Silvana de Oliveira e Silva

Última alteração: 2021-09-30

Resumo


RESUMO

Esse trabalho trata da interseção entre o fenômeno mundial descrito como infodemia, pandemia da COVID-19 e a produção de alternativas criativas na área da educação em saúde para o enfrentamento desses desafios. O objetivo do presente trabalho foi relatar a experiência de elaboração de vídeos educativos sobre temas emergentes e baseados em evidências científicas acerca da COVID-19. Nesse sentido, conduziu-se um estudo tipo relato de experiência realizado durante o ano de 2020 com discentes de um curso técnico em enfermagem de um instituição pública de ensino localizada no Sul do país.  Foram construídos pelos discentes vídeos educativos com foco em temáticas acerca da pandemia de COVID-19. A tarefa foi estimulante e reforçou a possibilidade de informações seguras disponíveis ao público em geral, permitindo ainda a participação dos discentes em uma metodologia ativa de ensino.

 

Palavras-chave: Infecções por coronavírus; Pandemias; Educação Continuada.

 

1. INTRODUÇÃO

A pandemia do Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus 2 (SARS-Cov 2), mais difundida como novo coronavírus 2019 (COVID-19), surge como um desafio para o sistema global de saúde, em razão ao número de indivíduos contaminados e à necessidade de recursos exigidos para o enfrentamento. Muitos países apresentam grande quantitativo de indivíduos doentes exigindo internamento e cuidados intensivos em nível hospitalar (WHO, 2020).

Nesse sentido, no bojo da pandemia de COVID-19 as autoridades têm enfrentado um fenômeno conhecido como infodemia, um excesso de informações, nem sempre precisas e inequívocas. Nesse contexto, surgem rumores e desinformação, conjuntamente com a manipulação de informações com objetivo duvidoso. Na era da informação, esse fenômeno é multiplicado por meio das redes sociais e se espalha de forma mais intensa, como um vírus (OPAS, 2020; ZAROCOSTAS, 2020).

No ano de 2020 no mês de julho, a Organização Mundial de Saúde, frente a relevância de responder a infodemia, organizou a primeira conferência científica acerca da temática (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2020). A conferência contou com a participação de 110 especialistas, os quais reconheceram que tal epidemia de desinformação exigia uma resposta sistemática e de caráter multidisciplinar. Igualmente, como as autoridades sanitárias se baseiam na ciência da epidemiologia para o processo de tomada de decisão no enfrentamento da pandemia, são necessárias estratégias e ações embasadas em evidências para a resposta efetiva a infodemia, que considere a ciência de gestão de infodemia, conhecida como infodemiologia (EYSENBACH, 2002).

Assim, foram construídos quatro pilares para a gestão das infodemia: (1) monitorização de informações por meio da vigilância; (2) aperfeiçoamento da capacidade de alfabetização em saúde digital e ciência; (3) estímulo a ações de melhoramento da qualidade das informações, tal como verificação de informações e revisão por pares; e (4) realização da tradução inequívoca e oportuna do conhecimento, diminuindo variáveis de distorção, como pressões políticas ou comerciais (EYSENBACH, 2020; TANGCHAROENSATHIEN et al., 2020).

Considerando esses pilares, exige-se estratégias criativas e eficientes para o enfrentamento desse fenômeno. Assim, o objetivo do presente estudo foi relatar a experiência de elaboração de vídeos educativos sobre temas emergentes e baseados em evidências científicas acerca da COVID-19.

 

3. MATERIAL E MÉTODOS

Estudo tipo relato de experiência realizado em 2020 em uma instituição pública de ensino localizada no Sul do Brasil com discentes de um curso técnico em enfermagem. A amostra foi por conveniência, sendo todos os discentes matriculados na unidade curricular educação em saúde.

Frente ao isolamento social as aulas teóricas foram adaptadas para as atividades não presenciais (ANP), assim, foi necessário o reajuste da disciplina de educação em saúde. Foram elaborados vídeos de forma coletiva nas respectivas residências dos discentes sobre a COVID-19.

Na primeira aula da unidade curricular foram apresentados aos discentes ferramentas de edição e confecção de vídeos, selecionadas os temas dos vídeos, indicação de sites e produções científicas baseadas em evidências científicas e realizada a divisão dos grupos. Os dados apresentados neste relato procederam de observação simples, registrada através de anotações de campo, não envolvendo a exposição de participantes.

 

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

A Organização Mundial de Saúde tem assumido o papel de liderança e esforço mundial para enfrentar a propagação da doença, conhecida como COVID-19, no entanto, existe uma outra importante epidemia global em curso, na área da desinformação, que se alastra ainda mais intensamente pelas plataformas de mídia social e outros meios de comunicação e que se apresenta como um significativo problema para a saúde pública, pois ideias podem se alastrar sem contato direto (WARDLE, 2018).

A excessiva quantidade de informações, muitas vezes conflituosas, faz com que a procura de informações que sejam adequadas e uteis para orientar as pessoas seja uma tarefa difícil, podendo dificultar a tomada de decisão por profissionais de saúde e gestores, sobretudo, quando não existe possibilidade de checagem rápida em relação às evidências disponíveis (NAEEM; BHATTI; KHAN, 2020).

Além disso, o frequente bombardeio de informações que chega às pessoas por variados meios e mídias, tais como rádio, smartphones, blogs, aplicativos de mensagens, televisão, computador, mídias sociais, tablets e jornais em formato eletrônico ou impresso, pode sobrecarregá-las (NAEEM; BHATTI; KHAN, 2020).  Como resultado, em muitos casos, as pessoas apresentam ansiedade, depressão e sentem-se exauridas e impossibilitadas de atender as demandas que se apresentam (OPAS, 2020).

Considerando esse contexto de discussão e a proposta da unidade curricular, os vídeos produzidos pelos discentes tiveram em média cinco minutos de duração com uso de recursos criativos que consideraram a possibilidade de sensibilizar o público. Os temas dos vídeos foram: higienização das mãos, convívio e isolamento social, desinfecção e limpeza de superfícies e equipamento de proteção individual. Foi realizada a exposição por meio do Google Meet para a turma, em seguida, os vídeos foram disseminados e disponibilizados nas redes sociais e canal do Youtube da instituição.

 

5. CONCLUSÕES

A experiência foi considerada estimulante e reforçou as orientações disponíveis nas produções acadêmicas de forma mais descomplicada para o público. Foi proporcionado uma experiência diferente do modelo tradicional de ensino, as tarefas de realizar buscas considerando os níveis de evidências dos estudos, produzir, editar e preparar o roteiro foram tarefas desafiadoras.

 

REFERÊNCIAS

NAEEM, S.B.; BHATTI R.; KHAN, A. An exploration of how fake news is taking over social media and putting public health at risk. Health Inf Libr J. v.38, n.2, p.143-149, 2020.

 

ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE - OPAS. Organização Mundial da Saúde - OMS. Repositório Institucional para Troca de Informações – Iris. Fichas Informativas COVID-19: entenda a infodemia e a desinformação na luta contra a COVID-19. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde, 2020.

 

TANGCHAROENSATHIEN V et at. Framework for managing the COVID-19 infodemic: methods and results of an online, crowdsourced WHO technical consultation. J Med Int Research. v.22, n.6, p.1-6, 2020.

 

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Health workers exposure risk assessment and management in the context of COVID-19 virus. Geneva: WHO; 2020.

 

WORLD HEALTH ORGANIZATION – WHO. 1st WHO Infodemiology Conference [Internet]. Geneva: World Health Organization, 2020.

 

WARDLE, C. The Need for Smarter Definitions and Practical, Timely Empirical Research on

Information Disorder, Digital Journalism. v.6, n.8, p. 951-963, 2018.

 

ZAROCOSTAS, J. How to fight an infodemic. Lancet. v.395, n.10225, p.676, 2020.


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