Jornada Científica e Tecnológica e Simpósio de Pós-Graduação do IFSULDEMINAS, 6ª Jornada Científica e Tecnológica 3º Simpósio da Pós-Graduação do IFSULDEMINAS

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DESENVOLVIMENTO VEGETATIVO DO CAFEEIRO A PARTIR DE DIFERENTES ALTURAS DE DECOTE
Juliano Donizete Junqueira

Última alteração: 2014-10-07

Resumo


6ª Jornada Científica e Tecnológica e 3º Simpósio de Pós-Graduação do IFSULDEMINAS

04 e 05 de novembro de 2014, Pouso Alegre/MG

 

 

Juliano D. JUNQUEIRA[1]; Renato A. COELHO[2]; Caio W. A. de SOUZA[3] ; Oswaldo L. SANTOS4; Aydson N. REZENDE5

RESUMO

Uma forma de renovação e viabilidade econômica das lavouras de café consiste na aplicação de podas programadas. Sendo assim foi feito o experimento com a realização da poda no sistema safra zero em quatro alturas distintas. O objetivo foi analisar o impacto da poda no crescimento de ramos e condução da lavoura. Foram usadas plantas de café da variedade Mundo Novo e realizadas avaliações para verificar o desenvolvimento dos ramos ortotrópicos e plagiotrópicos. Observou-se então que a altura da poda não influenciou no crescimento e desenvolvimento vegetativo dos ramos.

 

 

 

INTRODUÇÃO

 

A cultura do café representa uma longa história juntamente com o desenvolvimento da agricultura e o Brasil chega a ser responsável por cerca de um terço da produção mundial do grão. O avanço tecnológico possibilitou ao setor agrícola, embasado por pesquisas desenvolvidas dentro de um parâmetro científico de alta qualidade, a descoberta de técnicas que elevaram consideravelmente a produtividade das lavouras, consequentemente, o custo de produção acompanhou todo esse desenvolvimento e tornou a atividade cada dia mais competitiva.

Manter a lavoura em pleno estado produtivo e com boa média de produtividade se torna um desafio, porém a aplicação de podas programadas podem contribuir para a manutenção da produtividade das lavouras.

Para Thomaziello & Pereira (2008), a poda consiste em uma operação que tem a finalidade de eliminar partes das plantas que perderam ou diminuíram a capacidade produtiva, cuja possibilidade de recuperação natural seja praticamente nula.

O cafeeiro em bom estado de nutrição e de sanidade possui uma conformação típica em forma cilíndrica, indicadora de equilíbrio entre o estado vegetativo e frutificação (MENDES et. al., 1995).

Uma das observações feitas por Fagundes et al. (2007) foi que a época da poda, por regular o crescimento vegetativo, afeta a  próxima safra. Desse modo, quanto mais cedo se poda, a partir de julho, maior será a próxima produção. A época mais apropriada é logo após a colheita.

Matiello et al. (2005) afirmaram que quanto mais leve a poda, maior é a resposta do cafeeiro em termos de produtividade. As podas que menos reduzem a produtividade são aquelas que menos cortam as plantas, decrescendo a produtividade da testemunha para o decote, o esqueletamento e a recepa.

Objetivou-se com o presente trabalho avaliar o desenvolvimento vegetativo do cafeeiro a partir de diferentes alturas de decote.

 

 

MATERIAL E MÉTODOS

 

A pesquisa foi desenvolvida no setor de Cafeicultura do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais, Câmpus Machado. Foram utilizadas 175 plantas de café da variedade Mundo Novo, com aproximadamente três metros de altura e o espaçamento de plantio foi de 3,5 X 1,0 m. Sua ultima produtividade antes da poda estava em torno de 60 a 70 sacas/hectare, conduzida de forma convencional com uso de agroquímicos e fertilizantes químicos desde sua formação.

O delineamento experimental utilizado foi de blocos ao acaso. A unidade experimental foi constituída por 15 plantas, distribuídas em três linhas vizinhas, sendo 5 plantas por linha. A avaliação foi realizada nas 3 plantas centrais e as demais foram consideradas bordadura.

Os tratamentos adotados foram os seguintes:

Tratamento 1: Decote com 1,60m de altura

Tratamento 2: Decote com 1,80m de altura

Tratamento 3: Decote com 2,00m de altura

Tratamento 4: Decote com 2,20m de altura

 

A poda foi feita da seguinte maneira: os ramos plagiotrópicos passaram por esqueletamento, realizou-se um corte nos ramos laterais em torno de 25 cm a partir do ramo ortotrópico da planta, em seguida foi realizado o decote no mês de agosto de 2013.

O manejo adotado na condução da lavoura foi igual para os quatro tratamentos descritos. Foram realizadas duas capinas nas linhas de café, nos meses de setembro e janeiro; na entrelinha foi utilizado uma roçagem em setembro e controle químico das ervas daninhas com uso de glifosato aplicado em fevereiro. Após a poda foi realizada uma aplicação de micronutrientes com boro, zinco e cobre e foram realizadas três adubações com macronutrientes de outubro/2013 a maio/2014.

As seguintes avaliações foram realizadas durante o desenvolvimento dos ramos :

a) Crescimento de Ramos Plagiotrópicos: a medida do crescimento dos ramos plagiotrópicos foi obtida a partir do ponto de esqueletamento, na altura do terço médio da planta.

b) Crescimento de Ramos Ortotrópicos: a partir do decote foram conduzidos dois ramos ortotrópicos e obtida a medida do crescimento. Para o crescimento, foi considerada a média do crescimento entre os dois ramos.

c) Contagem de entrenós: Foi realizada a contagem de entrenós formados apartir da realização da poda nos ramos plagiotrópicos.

As avaliações foram realizadas 90 e 210 dias após a poda dos cafeeiros.

 

Procedimento estatístico –. A análise dos dados foi realizada através do programa estatístico Sisvar (Ferreira, 2000).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

 

Para as variáveis comprimento do ramo ortotrópico e o crescimento de ramos plagiotrópicos (Tabela 1), avaliados 90 dias após a poda, não apresentaram diferença.

TABELA 1 - Crescimento do ramo ortotrópico e crescimento de ramos plagiotrópicos, 90 dias após a poda dos cafeeiros decotados em diferentes alturas. Machado-MG, novembro de 2013.

 

Altura do Decote

(m)

Crescimento Ramo Ortotrópico

(cm)

Crescimento Ramo Plagiotrópico

(cm)

1,60

23,79 ns*

12,65 ns*

1,80

28,49 ns*

12,34 ns*

2,00

29,67 ns*

15,69 ns*

2,20

28,93 ns*

11,22 ns*

 

 

* médias seguidas das letras ns não diferem entre si.

 

Para as variáveis comprimento do ramo ortotrópico, crescimento de ramos plagiotrópicos e número de entrenós (Tabela 2), avaliados 210 dias após a poda não apresentaram diferença significativa.

TABELA 2 - Crescimento do ramo ortotrópico, crescimento de ramos plagiotrópicos e número de entrenós, 210 dias após a poda dos cafeeiros decotados em diferentes alturas. Machado-MG, março de 2014.

Altura do Decote

(m)

Crescimento ramo Ortotrópico

Crescimento ramo Plagiotrópico

Entrenós

1,60

69,4 ns*

43,6 ns*

10,3 ns*

 

 

1,80

78,4 ns*

51,8 ns*

11,2 ns*

 

 

2,00

73,5 ns*

51,5 ns*

11,2 ns*

 

 

2,20

70,25 ns*

43,7 ns*

9,2 ns*

 

 

* médias seguidas das letras ns não diferem entre si.

CONCLUSÕES

 

As diferentes alturas de decote realizadas juntamente com a poda no sistema de safra zero não influenciaram no crescimento vegetativo dos ramos da lavoura de café.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FAGUNDES, A.V.; GARCIA, A.W.R.; REIS, R.P. Determinação da melhor época de     esqueletamento em lavouras de café. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PESQUISAS CAFEEIRAS, 33., 2007, Lavras. Trabalhos apresentados... Rio de Janeiro: MAPA/PROCAFÉ, 2007. p.17-18

 

FERREIRA, D.F. Análises estatísticas por meio do Sisvar para Windows versão 4.0. In: REUNIÃO ANUAL DA REGIÃO BRASILEIRA DA SOCIEDADE INTERNACIONAL DE BIOMETRIA, 45., 2000, São Carlos, SP. Anais... São Carlos: UFSCar, 2000. p.255-258

MATIELLO, J.B.; GARCIA, A.W.R.; FIORAVANTE, N. Produção nas 6 primeiras safras, em cafeeiros sob sistemas de poda, com e sem dobra na linha e na rua. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PESQUISAS CAFEEIRAS, 31, 2005, Guarapari, ES. Trabalhos apresentados... Rio de Janeiro: MAPA/PROCAFÉ, 2005. p. 40-41

 

MENDES, A. N.G.; GUIMARÃES, P.T.G.; BARTHOLO, G.F. Estudo do adensamento de plantio das cultivares Catuaí Vermelho e Mundo Novo no Sul de Minas Gerais. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PESQUISAS CAFEEIRAS, 21. Caxambu, 1995. Anais... Rio de Janeiro: MAARA/PROCAFÉ, 1995. 133-4.

 

THOMAZIELLO, R.A.; PEREIRA, S.P. Poda e condução do cafeeiro arábica. Campinas: IAC,2008. 39p.

 

 


[1] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais – Câmpus Machado. Machado/MG, email: julianodjunqueira@gmail.com ;

[2] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais – Câmpus Machado. Machado/MG, email: renato.coelho@ifsuldeminas.edu.br;

[3] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas – Câmpus Machado. Machado/MG, email: caiowelbersouza94@hotmail.com

4              Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas – Câmpus Machado. Machado/MG, email: oswaldolahmannagro@gmail.com

5              Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas – Câmpus Machado. Machado/MG, email: aydsonrezende@ifsuldeminas.edu.br.

 

 


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